quinta-feira, 30 de abril de 2020

Todo defeito é uma qualidade esperando para ser lapidada - Por Tatiana Nicz


"O filme “As vantagens de ser invisível” conta a história de um adolescente que sofre ao sentir-se invisível e de seu anseio por inclusão. Muitas passagens no filme me tocam, mas a mensagem mais importante para mim é que ele só se sente incluído após uma árdua jornada de conhecer a dor, ficar de cara com a loucura e entrar em contato com seus maiores traumas e finalmente conhecer o amor, por si mesmo e pelos outros.

É um filme leve, mas que contém muito conteúdo de vida. Certa vez o Lama Padma Santen disse que não é com os que sofrem que ele se preocupa, pois os que sofrem de depressão ou qualquer “distúrbio” mental são agonizantes e isso significa que eles estão enxergando o mundo como ele está e sendo profundamente tocados por isso. Nesse contexto só não sofre hoje quem é incapaz de sentir empatia e esses sim deveriam nos preocupar, então precisamos olhar com mais carinho para os agonizantes.

Assim como Charlie, o protagonista do filme que fica cara a cara com seus traumas e medos, eu também já enfrentei o pior de mim. E hoje olhando com mais carinho para esse período da minha vida, entendo que, também como no filme, a maioria de nossos grandes erros nasce dessa vontade que temos de amar e ser amados, de nos sentir incluídos. E a nossa capacidade de amar é o que torna a vida tão especial. Sendo assim, nossos erros nascem do melhor que temos. Quando me dei conta disso aprendi a me perdoar, minha intenção não era ruim, mas eu apenas estava buscando amor em fontes e de maneiras equivocadas.

Eu, assim como muitos, perdi anos de minha vida nessa busca, achando que me amava muito, que já havia passado essa etapa, no entanto vivia de pequenas doses de amor, me alimentando de fragmentos, tentando encontrar no outro algo que eu deveria buscar em mim mesma. E não existe outro caminho, não importa que seja clichê ou que a gente saiba de tudo isso, o processo é esse mesmo, cair e levantar diversas vezes, pois o acerto assim como o caminho em si, só se fazem ao errar ou caminhar.

É deveras básico o fato de que só sabe amar o outro quem aprende a amar a si mesmo, todavia ainda assim insistimos em seguir atalhos ou em fazer o caminho inverso. O maior “problema” com o amor é que ele não se alimenta de migalhas, embora muita gente insista nesse erro. Portanto, se não aprendermos a nos acolher por completo, nossas esquinas mais sombrias, nossos erros e nossas dores, nós nunca saberemos o que é amor de fato. Sim, mais fácil falar do que fazer, mas é possível.

Amor próprio é complexo porque não acontece através do olhar e reconhecimento do outro ou da validação de ninguém. É algo que só depende de nós e que não aprendemos em livros, não tem exemplo em lugar algum a ser seguido. E nós não somos muito acostumados a viver sem parâmetro de comparação. Por isso, é árduo, temos que aprender do zero, sozinhos. E o que sei é que amor próprio não tem a ver com todo aquele romantismo que (erroneamente) costumamos associar ao amor. Não tem a ver com arrogância, paternalismo e muito menos com auto-confiança. O amor próprio é silencioso e nele cabem todas as nossas auto-críticas e inseguranças. Amor próprio tem muito mais a ver com acolhimento do que com afeto, porque o afeto vem do outro. E é difícil mesmo fazer do amor um verbo intransitivo. Contudo é imprescindível acolher todas as nossas partes quebradas, aquilo que nos deixa descontentes, tudo que queremos mudar em nós.

Um dia eu resolvi aprender sobre amor próprio. Foi um processo intenso e árduo, que durou minha vida toda até aqui, mas foi libertador. Foi um período de muita mudança. E mudar dá medo. Perdi pai e mãe, mudei de profissão, mudei de empregos, mudei estilo de vida e hábitos, mudei amigos, mudei minhas crenças, mudei de religião, mudei o corte de cabelo, mudei de casa, mudei terapias, mudei tudo isso, mas principalmente mudei de canal e aprendi a sintonizar em mim. Aprendi que meus erros e traumas do passado não me definem. Antes de tudo, aprendi a perdoar meus pais e me senti muito tola por exigir deles o que nem eu sei se um dia poderei dar a um filho. Depois aprendi a me perdoar, assim como eles, eu sei que fiz o melhor que pude com o que me foi dado, mesmo quando meu melhor parecia ser nada ou quase nada. Virei pai e mãe de mim mesma, aprendi a me proteger e que posso (devo) dizer não.

Aprendi sobre a finitude da vida e que sou limitada, muito mais limitada do que imaginava. E precisei também respeitar e acolher essas limitações. Aprendi a olhar para meus defeitos para finalmente entender que tal conceito não existe. Um defeito é apenas uma qualidade esperando para ser lapidada. Então acolhi um por um e aprendi a enxergar o que de bom havia neles, principalmente a escutar o que eles queriam me dizer. Se eu era uma pessoa muito ansiosa é porque um dia eu precisei desenvolver aquilo para sobreviver no meio em que um dia estive inserida. Então foi importante entender e validar isso para então decidir que posso mudar porque agora isso não me serve mais uma vez que, ao contrário de quando eu era criança, o meio agora sou eu que escolho.

Aprendi que sou capaz de mudar o que quiser e me dei autonomia para isso. E a autonomia anda lado a lado com o amor, porque quando nos amamos nos validamos como seres humanos e então descobrimos que o mundo é um grande palco para esse show que é a vida, tudo começa a fazer sentido, os olhos ganham um brilho diferente, nossos pequenos gestos se tornam grandiosos e nos tornamos gigantes. Sim, gigantes pela (em nossa) própria natureza.

No filme Charlie se questiona sobre o amor, ele não consegue entender porque pessoas tão especiais escolhem amores tão fragmentados. A resposta que seu professor de literatura lhe dá é tão certeira e simples, ainda que complexa na prática: “Charlie, nós aceitamos o amor que achamos que merecemos”. E eu acrescentaria também nessa categoria a maneira como aceitamos o amor que temos por nós mesmos".



terça-feira, 28 de abril de 2020

"A coisa mais divina que há no mundo é viver cada segundo como nunca mais".
- Vinícius de Moraes

segunda-feira, 27 de abril de 2020

domingo, 26 de abril de 2020

Medo de se apaixonar ____________ Carpinejar

"Você tem medo de se apaixonar. 
Medo de sofrer o que não está acostumada. 
Medo de se conhecer e esquecer outra vez. 
Medo de sacrificar a amizade. 
Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. 
Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. 
Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. 
Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. 
Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. 
Não suportar ser olhada com esmero e devoção. 
Nem os anjos, nem Deus aguentam uma reza por mais de duas horas. 
Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. 
Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. 
Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar.
Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. 
Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. 
Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. 
Medo do imprevisível que foi planejado. 
Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. 
Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. 
O corpo mais lado da fraqueza. 
Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. 
Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. 
Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. 
Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. 
Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. 
Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas.
Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. 
Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. 
Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas.
Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. 
Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. 
Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. 
Medo de que ele não precise de você. 
Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. 
Medo do cheiro dos travesseiros. 
Medo do cheiro das roupas. 
Medo do cheiro nos cabelos. 
Medo de não respirar sem recuar. 
Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. 
Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego.
Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. 
Medo de não soltar as pernas das pernas dele. 
Medo de soltar as pernas das pernas dele. 
Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. 
Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. 
Medo da perfeição que não interessa. 
Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. 
Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. 
Medo de não mastigar a felicidade por respeito. 
Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. 
Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. 
Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. 
Medo de faltar as aulas e mentir como foram. 
Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar.
Medo de enlouquecer sozinha. 
Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. 
Você tem medo de já estar apaixonada".

Fabrício Carpinejar


sábado, 25 de abril de 2020

"Somos criados em uma cultura que tem medo da morte e a esconde de nós. No entanto, nós a experimentamos o tempo todo. Experimentamos sob a forma de decepção, sob a forma daquilo que não dá certo, sob a forma de um permanente processo de mudança.
[...] Tentamos sempre negar que as mudanças - a areia que está sempre escapando entre nossos dedos - são ocorrências naturais.
[...] Não resistir ao fato de que as coisas terminam, passam e não têm uma substância duradoura. De que tudo está em mudança o tempo todo - essa é a mensagem fundamental".

- Pema Chodron em "Quando tudo se desfaz" (p. 50-51).



sexta-feira, 24 de abril de 2020

quinta-feira, 23 de abril de 2020

"Somos como crianças construindo um castelo de areia. Nós o enfeitamos com lindas conchas [...] No entanto, apesar de nosso apego, sabemos que, inevitavelmente, ele será levado pela maré. O truque está em desfrutar dele ao máximo, sem se apegar e, quando chegar uma onda, deixar que ele se dissolva no mar".
 (Pema Chodron em "Quando tudo se desfaz" - p. 57).

terça-feira, 21 de abril de 2020

O poder do eu te amo __________ Marcos Piangers

"Tuas filhas te acham bonita?", a Anita perguntou pra uma amiga nossa. A Anita tem esse dom de fazer perguntas constrangedoras e aguarda a resposta sem esboçar nenhuma vergonha, enquanto eu enrubesço. "Não, eu acho que elas não me acham muito bonita, não". Nossa amiga estava em um dia de autoestima lá embaixo. A Anita, sem notar nenhum problema no diálogo, emendou: "Mas tu fazia carinho nelas? Tu fala que ama elas? Porque isso faz toda a diferença pra te acharem bonita". Não sei onde ela aprendeu isso, mas faz todo sentido. O "eu te amo" tem poder.

O "eu te amo" muda vidas. O "eu te amo" causa explosões e pernas bambas. Um "eu te amo" não dito pode ser a vida que podia ter sido e não foi. O "eu te amo" muda histórias, deixa pessoas mais confiantes, massageia o espírito. Casais ficarão juntos, filhos se sentirão confortáveis. Pais ouvirão "eu também te amo". Às vezes, digo "eu te amo" só pra receber um de volta. O "eu te amo" melhorou minha relação com a minha mãe. Às vezes, insisto em dizer, mesmo que esteja meio cansado das ligações dela no meu telefone fixo. Telefone fixo só serve pra ligação de mãe e telemarketing.

Há quem se assuste e saia correndo. Há quem tenha medo do "eu te amo". Não sei o que pensam estes, se não acham que merecem, se não querem se envolver com essas profundidades emocionais. Mas eu sou fã do "eu te amo". Digo o tempo todo, pra minha mulher, mãe, filhas. Digo mesmo quando não estou lá, explodindo de amor. Digo pra reforçar pra mim mesmo. Digo pra quem não tem muito acesso a "eu te amo". Uma espécie de distribuição de renda, uma bolsa eu te amo. Certa vez, disse até pra um garçom que era realmente muito competente na arte de tirar e servir chopes gelados. "Eu te amo, bicho". Ele achou estranho, mas agradeceu.

Lembro quando falei "eu te amo" pela primeira vez pra minha madrinha. Ela ficou muito emocionada. Agora, fala "eu te amo" sempre que conversamos. Lembro quando minha filha disse "eu te amo" pela primeira vez pro meu sogro. Avesso a sentimentalismos, o velho começou a chorar. Disse que deveria ter dito mais isso aos filhos. Mas achou que já era muito tarde pra começar e ele não quis passar a distribuir "eu te amo", assim, sem mais nem menos. Acho que ele tentava, mas ficava constrangido.

O "eu te amo" constrange. O "eu te amo" liberta.

Nunca é tarde pra começar a praticar.

- Marcos Piangers


segunda-feira, 20 de abril de 2020

"Quer ser feliz? Aprenda dizer não
Falar não é importante para manter o equilíbrio emocional.
As pessoas boazinhas 'engolem tudo' por medo de magoar outros. 
Elas tem medo da reação à negativa, tem receio de não serem importantes ou temem represálias.
Essas pessoas que não colocam limites às solicitações externas tendem a alimentar
sua própria autoestima, pois demonstram que não conseguem valorizar suas necessidades e prioridades.
Aprenda uma coisa: As pessoas que estão ao redor, podem não enxergar o seu limite.
Se você não informar ao outro quando este limite chegou - ou se manifestar quando algo não lhe agrada - ninguém fará por você".
- Manual do Homem Moderno

"Se imprevistos lhe roubarem o chão, abra as asas"

domingo, 19 de abril de 2020

POR NÃO ESTAREM DISTRAÍDOS _ Clarice Lispector


"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos".

- Clarice Lispector


sábado, 18 de abril de 2020


"Se tudo fosse perfeito, você nunca aprenderia e nunca cresceria".
- Beyoncé Knowles

sexta-feira, 17 de abril de 2020

"Minha avó uma vez me deu uma dica:
Em tempos difíceis, você avança em pequenos passos.
Faça o que você tem que fazer, mas pouco a pouco.
Não pense no futuro, nem no que pode acontecer amanhã. Lave os pratos.
Retire o pó.
Escreva uma carta.
Faça uma sopa.
Você vê?
Você está avançando passo a passo.
Dê um passo e pare.
Descanse um pouco.
Elogie-se.
Dê outro passo.
Depois outro.
Você não notará, mas seus passos crescerão cada vez mais.
E chegará o tempo em que você poderá pensar no futuro sem chorar".

- Elena Mikhalkova em "A Sala das Chaves Antigas"


quinta-feira, 16 de abril de 2020

"Todos os dias vou enfrentar corajosamente as coisas que eu mais temo. Vou descobrir uma maneira sincera e aberta de conviver com o que me assusta ou dá medo. Vou me aceitar e encarar de frente os meus sentimentos e emoções mais difíceis, em vez de minimizá-los ou negá-los. Vou me perdoar pelos meus erros e imperfeições e ser tolerante comigo mesma. Vou me concentrar no meu próprio trabalho em vez de me comparar com os outros. Sei que a comparação é um jogo perdido. A minha história é a minha história. Vou escrevê-la a partir dos meus valores pessoais e da pessoa que quero ser".
- Seja leve

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Reflexão

"Um corvo vivia na floresta e estava totalmente satisfeito com a sua vida. Mas um dia eu vi um cisne. “Este cisne é tão branco,” ele pensou, “e eu sou tão preto. Este cisne deve ser a ave mais feliz do mundo.”
Ele expressou os seus pensamentos ao cisne. “Na verdade, ” o cisne respondeu: “Eu achava que era a ave mais feliz até ver um papagaio, que tem duas cores. Agora eu acho que o papagaio é a ave mais feliz.”
Então, o corvo abordou o papagaio. O papagaio, explicou: “Eu vivia uma vida muito feliz até ver o pavão. Eu tenho apenas duas cores, mas o pavão tem várias cores.”

Em seguida, o corvo visitou um pavão no jardim zoológico e viu que centenas de pessoas se reuniram para vê-lo. Quando as pessoas foram embora, o corvo abordou o pavão.

“Pavão,” disse o corvo, “você é tão lindo. Todos os dias, milhares de pessoas vêm aqui para vê-lo. Quando as pessoas me veem, elas logo me espantam. Eu acho que você é a ave mais feliz do planeta.”

O pavão respondeu: “Eu sempre pensei que eu era a ave mais bonita e feliz do planeta. Mas por causa da minha beleza, estou preso neste jardim zoológico. Eu examinei o zoológico com muito cuidado, e percebi que o corvo é o único pássaro que não é mantido em uma gaiola. Então, durante os últimos dias eu pensei que se eu fosse um corvo, eu poderia voar feliz por aí.”

Então... esse é o problema que muitos vivenciam. Fazemos comparações desnecessárias com outras pessoas e acabamos ficando triste... e não sendo grato o suficiente para com o que temos.

Aprenda a ser feliz no que você tem ao invés de olhar para o que você não tem. Sempre haverá alguém que vai ter mais ou menos do que você.

Tenha isso em mente ao manifestar seus desejos.
Na vida, as coisas acontecem ao seu redor, elas acontecem para você, mas a única coisa que realmente importa é como você escolhe reagir... o que você faz disso.

Na vida devemos mudar, adotar e converter todas as lutas que vivenciamos em algo positivo. 
Sempre concentre seus pensamentos no positivo".





terça-feira, 14 de abril de 2020

segunda-feira, 13 de abril de 2020

domingo, 12 de abril de 2020

"Fisicamente próximos, emocionalmente distantes. Realidade de um grande número de casais. Dividem a cama, o sofá, as contas, as responsabilidades práticas, mas já não compartilham sentimentos, carinhos, sonhos. A geração da atenção dividida coloca sempre a tela do smartphone como atenção primária. Qualquer outra coisa é secundária, inclusive quem está ali, deitado ao seu lado. A tela do celular se tornou a metáfora de um muro que se constrói entre os casais. Casais que já não sabem o que os mantém juntos, mas não tem coragem de olhar pra isso. Pessoas que se mantém ocupadas com a tela para não terem que entrar em contato emocional consigo e com a parceria e constatar que sua relação está falida. Buscam desesperadamente um wi-fi, não suportam ficar desconectados do celular por uma hora que seja enquanto estão acordados. Mas já não sabem qual a senha para se conectar com quem haviam escolhido para um projeto de vida. Conexão interrompida. Senha incorreta.
Será que você está colocando sua relação em modo avião?"

- Texto do instagram Sexoamorepsique


sábado, 11 de abril de 2020

"um dia eu acreditei que vencer na vida era ter uma boa casa, boas roupas, um carro 
e algum dinheiro.  O tempo não para, a gente amadurece, passa a ver tudo diferente.
hoje eu sei que vencer na vida é sobretudo estar em paz onde quer que a gente esteja". 

sexta-feira, 10 de abril de 2020

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Por lugares incríveis (NETFLIX) - Leia o livro também!!!

Quando eu soube que a Netflix faria um filme sobre o livro "Por lugares incríveis", de Jennifer Niven, fiquei animada, mesmo achando em 99% dos casos que o livro sempre é melhor do que o filme. Em maio de 2016 eu o li pela primeira vez e ele automaticamente se tornou um dos meus preferidos (tanto no gênero de literatura juvenil que eu tanto gosto quanto para falar de suicídio na adolescência).

Para mim, a forma com que Niven conta essa história tem muito a ver, além do seu talento com a escrita, com o relato que ela traz no final: a autora é uma sobrevivente enlutada por suicídio (boa parte das pessoas que assistiu ao filme não sabe dessa informação).

No final do livro, como "Nota da autora", ela escreve o seguinte:

"A cada quarenta segundos, alguém no mundo se suicida. A cada quarenta segundos, quem fica tem de lidar com a perda.
Muito antes de eu nascer, meu bisavô morreu devido a um ferimento a bala que ele mesmo causou. Seu filho mais velho, meu avô, tinha só treze anos. Ninguém sabia se tinha sido intencional ou não — e como eram de uma cidadezinha no sul do país, meu avô e sua mãe e suas irmãs nunca discutiram isso. Mas aquela morte afetou nossa família por gerações.
Há muitos anos, um menino que eu conhecia e amava se matou. Fui eu quem o encontrou. Eu não queria conversar sobre essa experiência com ninguém, nem com as pessoas mais próximas. Até hoje, vários familiares e amigos meus não sabem muito sobre isso, se é que sabem de alguma coisa. Durante bastante tempo, era doloroso até mesmo pensar nisso, quanto mais falar, mas é importante conversar sobre o que aconteceu.
Em Por lugares incríveis, Finch se preocupa muito com rótulos. Existe, infelizmente, um estigma em torno do suicídio e de transtornos mentais. Quando meu bisavô morreu, as pessoas fofocavam. Apesar de sua viúva e seus três filhos nunca falarem sobre aquele dia, eles se sentiam julgados e, em certa medida, discriminados. Meu amigo se matou e um ano depois perdi meu pai para o câncer. Eles estavam doentes durante a mesma época e morreram com um intervalo de catorze meses, mas a reação a suas doenças e mortes não poderia ter sido mais diversa. As pessoas raramente levam flores para um suicida.
Foi só ao escrever este livro que descobri meu próprio rótulo — 'sobrevivente pós-suicídio' ou 'sobrevivente do suicídio'. Felizmente, há muitas fontes para me ajudar a dar sentido a esse acontecimento trágico e entender como ele me afeta, assim como há muitos recursos para ajudar qualquer um, adolescente ou adulto, que esteja lutando contra problemas emocionais, depressão, ansiedade, instabilidade mental ou pensamentos suicidas.
Muitas vezes, transtornos mentais e emocionais não são diagnosticados porque a pessoa com os sintomas sente vergonha, ou porque as pessoas próximas não conseguem ou escolhem não reconhecer os sinais. De acordo com a Mental Health America, estima-se que haja 2,5 milhões de pessoas com transtorno bipolar nos Estados Unidos, mas o número verdadeiro deve ser duas ou três vezes maior que isso. A quantidade de pessoas com a doença que não são diagnosticadas ou que são mal diagnosticadas chega a oitenta por cento.

Se você acha que algo está errado, fale.
Você não está sozinho.
Não é sua culpa.
Existe ajuda para você" (p. 321-322).

Em janeiro de 2017 fiz um post aqui no meu outro blog sobre o livro:


[ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS].

No dia 28 de fevereiro o filme foi lançado e tem recebido críticas positivas de quem não conhecia a história. Mas para boa parte dos leitores, a adaptação perdeu muito, pois já no começo há uma mudança importante na forma com que os dois personagens, que já se conheciam de vista, se encontram e se enxergam de verdade: no filme, Finch encontra Violet em uma ponte, enquanto que no livro os dois se surpreendem ao se encontrarem na torre do sino da escola, ambos pensando que talvez pular dali fosse uma boa ideia. Finn começa a conversar com Violet e, quando as pessoas percebem que os dois estão lá em cima, ele faz de tudo para que pensem que ela havia subido para salvá-lo. 

O diálogo dos dois depois de descer da torre: 

"— Eu só estava sentada ali — ela diz. — No parapeito. Não subi aqui pra…
— Deixa eu te perguntar uma coisa: você acha que existe um dia perfeito?
— O quê?
— Um dia perfeito. Do início ao fim. Quando nada de terrível ou triste ou comum acontece.
Você acha que é possível?
— Não sei.
— Você já teve um?
— Não.
— Também nunca tive, mas estou em busca dele.
Ela sussurra:
— Obrigada, Theodore Finch.
Fica na ponta dos pés e me dá um beijo no rosto, e sinto o cheiro do xampu, que lembra
flores. Então, diz no meu ouvido:
— Se contar a verdade a alguém, mato você" (p. 17-18).

É a partir desse encontro singular que ambos se aproximam e passam a conhecer o mundo do outro, muito mais detalhado no livro do que no filme, obviamente. A orelha do livro traz o resumo da história:

"Violet Markey tinha uma vida perfeita: amigos populares, um namorado lindo, um futuro estudando escrita criativa em Nova York e várias ideias para a revista on-line que dividia com sua irmã, Eleanor. Mas todos os seus planos deixam de fazer sentido quando as duas sofrem um acidente de carro e apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada pela morte da irmã, Violet para de escrever, se afasta de todos e tenta descobrir como seguir em frente.

Theodore Finch encarna um personagem diferente a cada semana [...]. Essa personalidade imprevisível não raro acaba lhe trazendo problemas, e logo ele se torna o esquisito da escola, perseguido pelos valentões e chamado de 'aberração' por onde passa. Para piorar, o garoto é obrigado a lidar com longos períodos de depressão, um pai violento e a apatia do resto da família.

Enquanto Violet conta os dias para o fim das aulas, quando poderá ir embora da cidadezinha onde mora e aplacar o luto que sente pela ausência da irmã, Finch pesquisa diferentes métodos de suicídio e imagina se conseguiria levar algum deles adiante. Em uma dessas tentativas, ele vai parar no alto da torre do sino da escola e, para sua surpresa, encontra Violet, também prestes a pular.

Um ajuda o outro a sair dali, e essa dupla improvável se une para fazer um trabalho de geografia: visitar os lugares incríveis do estado onde moram. Eles vão até o ponto mais alto de Indiana, a um parque de bibliotecas que funcionam dentro de trailers antigos. a uma lagoa onde dizem não ter fundo, a montanhas-russas construídas por um senhor viciado em adrenalina, entre vários outros locais grandiosos ou pitorescos. Nessas andanças, Finch encontra em Violet alguém com quem finalmente pode ser ele mesmo, e a garota para de contar os dias e passa a vivê-los".

Depois de perder Finch, Violet passa pelo processo de luto com os questionamentos que são comuns para os sobreviventes enlutados: 

"Meu calendário está jogado em um canto. Abro, estico as páginas e olho pra todos os incontáveis dias em branco, que não risquei com um “X” porque foram dias que passei com Finch.
Penso:
Odeio você.
Se eu soubesse.
Se eu tivesse sido suficiente.
Eu decepcionei você.
Eu queria ter feito alguma coisa.
Eu devia ter feito alguma coisa.
Foi minha culpa?
Por que não fui suficiente?
Volte.
Eu amo você.
Sinto muito" (p. 291-292).

Também acho de uma delicadeza ímpar como Violet continua visitando e (re)visitando os lugares que havia visitado com Finch, na esperança de encontrar alguma mensagem que ele tivesse deixado para ela. A visita à Capela aparece no filme, mas não com toda a beleza descrita no livro:

"Caminho até o altar, e alguém digitou e plastificou a história da igreja, que está apoiada em um dos vasos.

A Capela de Oração Taylor foi criada como um santuário para que viajantes cansados parem e repousem. Foi construída em memória daqueles que perderam a vida em acidentes de automóvel e para ser um lugar de cura. Lembramos daqueles que não estão mais aqui, que nos foram tirados cedo demais e que manteremos para sempre em nossos corações. A capela é aberta ao público de dia e de noite, inclusive em feriados. Estamos sempre aqui. 

Agora sei por que Finch escolheu este lugar — pra Eleanor e pra mim. E pra ele também, porque ele era um viajante cansado que precisava repousar. Alguma coisa aponta pra fora da Bíblia — um envelope branco. Viro a página e alguém sublinhou estas palavras: brilhais como estrelas no Universo.
Pego o envelope e ali está meu nome: “Ultravioleta Markante”.
Penso em levá-lo pro carro pra ler o que tem dentro, mas em vez disso sento em um dos bancos, grata pela madeira sólida que me segura.
Estou pronta para ler o que ele pensava sobre mim? Pra ler o quanto o decepcionei? Estou pronta pra saber exatamente quanto o machuquei e como poderia... deveria tê-lo salvado se simplesmente prestasse mais atenção e interpretasse os sinais e não abrisse minha boca grande e o ouvisse e fosse suficiente e talvez o amasse mais?
Minhas mãos tremem quando abro o envelope. Tiro três folhas de partitura grossas, uma coberta de notas musicais, as outras duas de palavras que parecem a letra de uma música. Começo a ler.

Você me faz feliz,
Sempre que está perto, estou seguro em seu sorriso.
Você me faz belo,
Sempre que sinto que meu nariz é grande demais.
Você me faz especial, e Deus sabe o quanto esperei pra ser o tipo de cara que se quer por perto.
Você me faz te amar,
E essa deve ser a maior coisa que meu coração já foi digno de fazer…

Choro — alto e soluçando, como se tivesse segurado a respiração por muito tempo e
finalmente tivesse ar de novo.

Você me faz adorável, e é tão adorável ser adorado por aquela que adoro…

Leio e releio as palavras.

Você me faz feliz…
Você me faz especial…
Você me faz adorável…

Leio e releio até saber as palavras de cor, então dobro os papéis e guardo de volta no
envelope. Fico sentada até as lágrimas pararem, e a luz começa a mudar e desaparecer, e o brilho suave e rosado do entardecer enche a capela.

[...] Não preciso me preocupar com o fato de Finch e eu não termos filmado nossas andanças. Tudo bem não termos recolhido lembranças nem tido tempo de organizar tudo de um jeito que fizesse sentido pra outra pessoa. O que percebo agora é que o que importa não é o que a gente leva, mas o que a gente deixa (p. 314-316).

Desculpem pelo textão, mas eu quis trazer a riqueza da narrativa escrita de Niven que não aparece como deveria no filme.

Minha dica: se você gostou do filme, leia o livro quando puder. Vou reler, mais uma vez!


terça-feira, 7 de abril de 2020

Livro: "Amor pelas coisas imperfeitas"

O primeiro livro de Sunim foi “As coisas que você só vê quando desacelera”, também uma ótima leitura. Mas este me pareceu ainda mais inspirador, especialmente pelo momento atual. Recomendo!


“Podemos amar completamente mesmo sem entender por completo. [...] o amor transcende a compreensão humana. [...] Quando examinamos a nossa vida, vemos muitas imperfeições, como partículas de poeira num espelho. [...] E mesmo assim, embora haja tantas coisas imperfeitas no mundo em que vivemos, não conseguimos deixar de amá-las. Porque a vida é preciosa demais para ser desperdiçada” (p. 09-11).

“Eu continuava dizendo a mim mesmo que era bom fazer o bem, mas à medida que o tempo foi passando isso começou a me estressar muito. [...] Quando abri meu coração e tive uma conversa franca com um amigo mais velho, ele me deu o seguinte conselho: ‘Seja bonzinho com você mesmo primeiro, depois com os outros’” (p. 16).

“Assim como num avião mandam você colocar a máscara de emergência na criança só depois de ter colocado a sua, não há nada de egoísta em cuidar primeiro de si. Apenas se estiver feliz você vai poder fazer as pessoas ao seu redor felizes também” (p. 22).

“Se você apontar os defeitos de uma pessoa, não espere que isso mude o comportamento dela. Em geral ela vai apenas ficar magoada. Em vez disso, elogie os pontos fortes dela, que vão crescer e ofuscar os fracos” (p. 104).

“Se você for pensar: ‘Por que ele não faz por mim tanto quanto eu fiz por ele?’. Então, para começo de conversa, não faça. Ou só ofereça algo pelo qual não vai esperar nada em troca” (p. 126).

“Se você esperava que alguém aparecesse para mudar a sua vida, e ainda não apareceu ninguém, não espere mais. É provável que isso signifique que você precisa se tornar essa pessoa para si mesmo” (p. 159).

“Se você costuma ter que negar a si mesmo o que quer, pode acabar negando os desejos dos outros sem querer, achando que as pessoas devem levar a vida como você leva a sua. Se você parar de negar a si mesmo, será mais fácil aceitar os outros como são” (p. 264).


“Os seus esforços, por menores que sejam, nunca são em vão. Mesmo a pior tempestade acaba passando"
(p. 276).


segunda-feira, 6 de abril de 2020

O medo está tirando de você as melhores experiências da vida. Livre-se dele!


"Todas as pessoas que passam por mim, estão ali por um bom motivo. No Verão passado, tive um encontro que mudou, definitivamente, minha forma de ver as coisas.

Kássia Luana


No meu trabalho atual, tenho o privilégio de conhecer, diariamente, pessoas de diversas partes do mundo. Nunca saio vazia desses encontros. Todas as pessoas que passam por mim, estão ali por um bom motivo. No Verão passado, tive um encontro que mudou, definitivamente, minha forma de ver as coisas.

Uma senhora me chamava muito a atenção durante a semana em que passou por lá. Sempre alegre, sorridente, transbordando simpatia com todos ao redor. Todas as manhãs ela se aproximava e conversava um pouco comigo sobre assuntos diversos. Em uma dessas manhãs, ela planejava o roteiro de passeios do dia, e incluía um passeio de barco. Eu, prontamente lhe disse:

– Barco? Eu acho lindo, e tenho certeza que será uma experiência incrível! Mas eu tenho muito medo. Moro aqui há 8 anos e nunca fui. Nem pretendo… (risos)



Ela me fitou com curiosidade e o seu riso já conhecido. Depois de um suspiro, me disse com doçura (transcrevo abaixo em minhas palavras):

– Kássia, eu era como você. Cheia de medo. Até que tive câncer pela terceira vez e vi a morte pela terceira vez. Eu poderia não estar aqui com minha família. Mas estou! Percebi que tinha passado a vida inteira com medo de tudo e deixado de viver tantas coisas que nem dá pra contar. E desde a última vez, resolvi que faria tudo de forma diferente, do jeito que eu queria de verdade. Comecei a dar mais atenção a meus filhos e a incentivá-los a aproveitar mais a vida. Resolvi fazer tudo que o medo não me deixava fazer: pulei de paraquedas, andei de helicóptero, barco, parei de levar tudo tão à sério, como fazia antes. E vou te dizer com sinceridade: agora, sim eu sou feliz. Então, vou te fazer um pedido, vai andar de barco… Faça por mim!

Bem, quem me conhece já sabe que, neste momento, eu já estava debulhando em lágrimas. Eu sabia que ela estava ali, como um sinal do Universo. E respondi:

– Eu entendi. E sim, eu vou andar de barco! Muito obrigada! – e dei-lhe uma abraço. Não sei quantos segundos aquele abraço durou, mas vou me recordar dele pra toda minha vida.

Um mês depois, aproveitei a companhia de um grande amigo que visitava a cidade e fui passear de barco e conhecer um recife de corais muito famoso. O dia estava lindo. Nos primeiros minutos, fiquei meio enjoada por conta da maresia. Mas logo passou. Como não sabia nadar, meu amigo me deu total suporte me auxiliando durante todo passeio. Vi peixes raros, o mar em cores que eu nunca tinha visto, conheci pessoas super divertidas. Foi um dos dias mais incríveis da minha vida que me emocionam só de lembrar. Se fecho os olhos, ainda posso viver novamente cada detalhe daquele dia…

Sempre repenso as coisas que ela me disse. Até porque, minha vida deu um salto radical desde então. Eu pensava: Quantas vezes havia deixado de viver experiências incríveis por causa do medo… E se eu tivesse mandado aquela carta? E se eu tivesse feito aquela viagem? E se eu tivesse dito o que eu sentia? E se eu tivesse aceitado aquela oportunidade de emprego? E se eu tivesse confiado? E se? E se? E se…

Então, decidi que nunca mais deixaria o medo guiar minhas escolhas e minha vida! Aceitei uma oportunidade de emprego que me ensinou uma nova carreira e me fez conhecer um novo dom, que nem eu mesma tinha noção que existia. Fiz amizades com pessoas incríveis que, sinceramente, anteriormente, nunca faria. Mudei o cabelo, o jeito de vestir, conheci pessoas maravilhosas…

Todas as pessoas das minhas relações, sem exceção, sabem exatamente o que sinto por elas. Nunca me nego a dizer que amo, respeito, me orgulho, admiro. Não tenho mais vergonha dos meus sentimentos. Tomo tudo como aprendizado e sigo em frente, melhor do que antes dessa experiência, com certeza! Recentemente, ouvi de uma pessoa que sou muito sensível… E daí? Pra mim, isso foi um grande elogio a minha sinceridade e amor às pessoas.

Então, faço a você o pedido que ela me fez: vá andar de barco! Ligue pra pessoa que você ama e diga o que sente! Aceite uma proposta que você quer, mas tem medo de sair da zona de conforto. Ligue pra sua irmã e faça as pazes. Desapegue das coisas pequenas e foque no que realmente importa: Ser feliz! Não permita que os medos que outras pessoas colocaram em você dominem a sua vida! No começo da experiência, você vai sentir o desconforto, como eu senti no barco. Depois, vai ser maravilhoso. Acredite!"




"E a gente vai vivendo e aprendendo que o que temos de mais precioso não é o que nossas mãos alcançam, mas o que o nosso coração abraça...