quarta-feira, 30 de setembro de 2020

"Quando você quiser alguma coisa, muito mesmo, pede pra Deus no pôr do sol 
que o sol vai levar teu recado"
- Chorão


terça-feira, 29 de setembro de 2020

"Deixe ir: o que não te pertence; o que não te quer; o que não te escolhe;  
o que não te retribui; o que não te prioriza; o que não te valoriza;
o que não te respeita; o que não te completa".

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

"Não pare a sua vida esperando por alguém que não quer te acompanhar, 
segure você na sua mão e siga".
- Psicóloga Brisa Dantas - Terapia Faz Bem

domingo, 27 de setembro de 2020

"Mudar: é parar de esperar pela sexta-feira pra viver, é parar de esperar o verão 
pra ouvir o que meu corpo tem a me dizer, é parar de esperar a pessoa perfeita 
para me apaixonar perdidamente. é abrir a porta da minha casa e ver 
uma cidade diferente, ruas que não são as minhas e um sotaque que não é o meu.
é trocar a roupa; a minha, a da rotina e a dos meus pensamentos mais íntimos".
- João Doederlein     

sábado, 26 de setembro de 2020

"A forma como você faz com que os outros se sintam revela muito mais sobre você 
do que sobre eles".
- ITK Treinamentos 

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

"lar. é a playlist que você fez pra mim. é aquilo que eu tenho vontade de ser pra você.
é a casa da gente, a beira da saia da mãe, o colo do nosso pai, o abraço da melhor amiga,
é onde a ansiedade me empurra mas não derruba. é moradia que faz bem,
é do que você chamava o meu coração. é a calmaria que invade o meu peito
quando escuto a sua voz" - João Doederlein

quinta-feira, 24 de setembro de 2020


"Nossa vida é uma mandala,
as linhas se encontram em algum ponto.
Tudo o que fizermos de bom ou de mal, acaba encontrando um caminho de volta 
até nós".
- Vilma Galvão

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

"Enche a tua vida com histórias para contar, não coisas para mostrar".
- Joshua Becker 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

TODO AMOR PRECISA DA AMIZADE - Fabrício Carpinejar


"A amizade é a base do amor. O alicerce. Por onde podemos nos apaixonar novamente. É o início de qualquer relacionamento. O início de todos os inícios.

Quando o desejo morre, existe a amizade para redescobrir juntos a chama.

Se você primeiro se torna amigo de alguém antes de namorar, já garante a lealdade para dentro do romance. É muito mais difícil trair um amigo do que o namorado ou a namorada. Ao perder uma pessoa, estará perdendo tudo. Estará magoando duas vezes a mesma alma.

Porque, além da cumplicidade amorosa, existe o reconhecimento por aquilo que já foi dito e ouvido de confidências ao longo do convívio.

Há o respeito como gratidão. Não vejo o que pode ser mais lindo do que uma admiração antiga.

Minha esposa é uma grande amiga acima de qualquer laço. É com ela que divido as tristezas e somo as alegrias. Acompanha o meu esforço para ser melhor, a evolução da minha consciência. Não deixa que a autocrítica vire ofensa, assim como não permite que o elogio se transforme em preguiça.

Mentir para ela é como mentir para mim mesmo, tal o elo construído de intimidade.

Ela me conhece somente pelo arco das sobrancelhas. Não nos escondemos nada. Conversamos como quem pensa em voz alta. Nossa fidelidade vem da confiança cristalina da amizade.

O amor apareceu como recompensa da sinceridade. Ele é invencível porque não está sozinho".



segunda-feira, 21 de setembro de 2020

"Já feri quem amava por estar muito ferida. 
Já fui capaz de gestos que estavam a anos-luz das minhas crenças. 
Já vi certezas absolutas se desmancharem diante dos meus olhos assustados. 
Já entendi que sempre e nunca são palavras pra se usar com cautela. 
Já me flagrei dizendo coisas das quais me arrependi um segundo depois de dizer. 
Já fui omissa quando deveria me manifestar. 
Já pedi perdão a pessoas pelas quais deveria expressar apenas gratidão.
Por isso, quando alguém falha comigo, para entender melhor, 
eu lembro logo de mim.


- Ana Jácomo




domingo, 20 de setembro de 2020

sexta-feira, 18 de setembro de 2020


"Um dia, você será apenas uma memória para algumas pessoas. 
Faça o seu melhor para ser uma boa memória, do tipo que faça essa pessoa
sorrir quando lembrar de você".

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

"Olha à tua volta. Olha para aquilo que alcançaste até hoje. 
É tão bonito o teu caminho. Não há outro igual. 
Ninguém ultrapassou por ti as dificuldades que a vida deixou cair no teu percurso, 
ninguém venceu por ti os teus medos, ninguém olhou para as estrelas como tu,
ninguém te mostrou a saída do labirinto nas noites escuras. Foste tu. 
O caminho que vês é o caminho que te mostra. 
É o caminho que construíste que te revela e que te leva ao teu encontro. 
Foste tu a conseguir chegar até aqui. Andaste à chuva por dentro de ti 
e debaixo da tempestade, quando o coração não sabia por onde seguir. 
Andaste em círculos e conseguiste avançar, andaste perdido e conseguiste 
não te perder, não sabias para onde ir e nunca deixaste de seguir. 
É tão bonito o teu caminho. Transformaste as mágoas em amor 
e todas as tristezas deram flor. 
Aprendeste a crescer quando a vida te pôs à prova e fizeste da dor sabedoria e luz. 
Olha à tua volta. Olha para as tuas mãos. Não têm nada, dizes tu. 
Digo-te eu que mãos assim nunca estarão vazias. Mãos de dar a mão à vida".

- Facebook Lado.a.lado


quarta-feira, 16 de setembro de 2020

"Não tente adivinhar o que as pessoas pensam a seu respeito ... Faça a sua parte,
se doe sem medo. O que importa mesmo é o que você é".
- Gandhi

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

"Para fazer a diferença na vida de alguém, você não tem que ser brilhante, rico,
bonito ou perfeito. Você só tem que se importar". 

domingo, 13 de setembro de 2020

"Nem todo mundo está na mesma sintonia que você. 
E isso não é errado, é o jeito de cada um. 
Não adianta você querer fazer tudo ou querer que o outro queira o que você quer. 
Ninguém pode ser forçado a nada. Seja a ler um livro, 
concordar com uma ideia ou mudar. 
A gente muda quando (e se) quiser. 
Você não pode querer que as outras pessoas sintam como você, sejam como você, que as coisas tenham a mesma importância para os outros que têm para você. 
Esse é o grande desafio da vida, aceitar e acolher as pessoas como elas são".

- Clarissa Corrêa




sábado, 12 de setembro de 2020

"-Encontrar o amor é importante.
- O amor próprio?
- Sim, a vida não é só encontrar alguém e sim se encontrar também".
- Devaneios com Sigmund e Freud

sexta-feira, 11 de setembro de 2020


"Não sei se foram os contos de fada ou a ausência de conversas sobre a vida, mas fato é que a gente acredita que um dia vai chegar lá. 
Lá, aquele lugar lindo, sem problemas, sem dúvidas, sem estresse, sem frustrações.
Lá, onde a gente vai se conhecer plenamente e nunca mais vai meter os pés pelas mãos. 
Lá onde a vida é perfeita e cheira a jasmim. 
E ainda não chegamos lá porque não nos tornamos perfeitos o suficiente. 
Vivemos apegados ao lá, um lugar perfeito onde seremos perfeitos e a vida não nos atingirá em cheio com as suas imprevisibilidades. 
Faz tempo que deixei de acreditar no lá. A vida é caminho, processo. 
Não acho que um dia serei uma pessoa calma e tranquila. 
Não acho que serei a relaxadona do rolê. 
Acredito que com o tempo e o treino aprenderei a ter cada vez mais auto regulação, que quanto mais aprender a acessar os lugares de calma e tranquilidade em mim, mais acessíveis eles serão. 
Mas sei que, se não estiver atenta, a minha primeira reação volta facilmente para o lugar de reatividade e explosão. 
E isso não me faz menos incrível, menos amiga, menos mãe. 
Só me lembra da minha própria humanidade. 
A mídia, muitos profissionais, a indústria e todo um mercado giram em torno de colocar esse lá como um lugar possível e alcançável. 
Basta querer. Basta se esforçar. 
Basta comprar o celular da moda e ter a pele e o cabelo perfeitos. Lá. Feliz. Intocável. Não existe lá. 
A nossa humanidade tem, como itens de série, a dor, a tristeza, a frustração,a alegria, o ânimo, a felicidade. Tudo junto e misturado, numa eterna dança. 
Nos resta aproveitar a caminha, aprender com os tropeços, celebrar os acertos. 
Nos resta aprender que a vida acontece agora e não esta sentada aguardando que a gente chegue lá. 
Somos perfeitamente imperfeitos. Lindamente feios. 
Absolutamente contraditórios, como a vida, essa danada incontrolável. 
Chegar lá não fala de competências, mas de ilusões. 
Passando pra te lembrar que você é boa(bom) o suficiente hoje. 
Sim, pode melhorar, mas isso não muda o fato de que hoje, agora, nesse instante, você merece se tratar com amor, carinho e respeito. 
Hoje. Aqui. Não lá. Não existe lá".
.
Texto: Elisama Santos



quinta-feira, 10 de setembro de 2020

"Notas sobre ela.
por alguma razão inexplicável
apesar de todos cacos de vidro
o coração dela ainda prefere
andar descalço pela vida".
- zack magiezi

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

"Hoje a gente ia fazer 25 anos de casado", ele disse, me olhando pelo retrovisor.

Fiquei sem reação: tinha pegado o táxi na Nove de Julho, o trânsito estava ruim, levamos meia hora para percorrer a Faria Lima e chegar à rua dos Pinheiros, tudo no mais asséptico silêncio, aí, então, ele me encara pelo espelhinho e, como se fosse a continuação de uma longa conversa, solta essa: "Hoje a gente ia fazer 25 anos de casado".

Meu espanto, contudo, não durou muito, pois ele logo emendou: "Nunca vou esquecer: 1º de junho de 1988. A gente se conheceu num barzinho, lá em Santos, e dali pra frente nunca ficou um dia sem se falar! Até que cinco anos atrás... Fazer o que, né? Se Deus quis assim...".

Houve um breve silêncio, enquanto ultrapassávamos um caminhão de lixo e consegui encaixar um "Sinto muito". "Obrigado. No começo foi complicado, agora tô me acostumando. Mas sabe que que é mais difícil? Não ter foto dela." "Cê não tem nenhuma?" "Não, tenho foto, sim, eu até fiz um álbum, mas não tem foto dela fazendo as coisas dela, entendeu? Que nem: tem ela no casamento da nossa mais velha, toda arrumada. Mas ela não era daquele jeito, com penteado, com vestido. Sabe o jeito que eu mais lembro dela? De avental. Só que toda vez que tinha almoço lá em casa, festa e alguém aparecia com uma câmera na cozinha, ela tirava correndo o avental, ia arrumar o cabelo, até ficar de um jeito que não era ela. Tenho pensado muito nisso aí, das fotos, falo com os passageiros e tal e descobri que é assim, é do ser humano, mesmo. A pessoa, olha só, a pessoa trabalha todo dia numa firma, vamos dizer, todo dia ela vai lá e nunca tira uma foto da portaria, do bebedor, do banheiro, desses lugares que ela fica o tempo inteiro. Aí, num fim de semana ela vai pra uma praia qualquer, leva a câmera, o celular e tchuf, tchuf, tchuf. Não faz sentido, pra que que a pessoa quer gravar as coisas que não são da vida dela e as coisas que são, não? Tá acompanhando? Não tenho uma foto da minha esposa no sofá, assistindo novela, mas tem uma dela no jet ski do meu cunhado, lá na Guarapiranga. Entro aqui na Joaquim?" "Isso."

"Ano passado me deu uma agonia, uma saudade, peguei o álbum, só tinha aqueles retratos de casório, de viagem, do jet ski, sabe o que eu fiz? Fui pra Santos. Sei lá, quis voltar naquele bar." "E aí?!" "Aí que o bar tinha fechado em 94, mas o proprietário, um senhor de idade, ainda morava no imóvel. Eu expliquei a minha história, ele falou: 'Entra'. Foi lá num armário, trouxe uma caixa de sapatos e disse: 'É tudo foto do bar, pode escolher uma, leva de recordação'."

Paramos num farol. Ele tirou a carteira do bolso, pegou a foto e me deu: umas 50 pessoas pelas mesas, mais umas tantas no balcão. "Olha a data aí no cantinho, embaixo." "Primeiro de junho de 1988?" "Pois é. Quando eu peguei essa foto e vi a data, nem acreditei, corri o olho pelas mesas, vendo se achava nós aí no meio, mas não. Todo dia eu olho essa foto e fico danado, pensando: será que a gente ainda vai chegar ou será que a gente já foi embora? Vou morrer com essa dúvida. De qualquer forma, taí o testemunho: foi nesse lugar, nesse dia, tá fazendo 25 anos, hoje. Ali do lado da banca, tá bom pra você?"

- Antonio Prata


terça-feira, 8 de setembro de 2020

"A força não está em tudo vencer mas em nunca se deixar vencer; está na fina habilidade
de refazer-se, ficar de pé e sempre renascer das próprias cinzas".

domingo, 6 de setembro de 2020

sábado, 5 de setembro de 2020

"você tem sorte de ser você. e eu preciso mesmo te dizer por quê?
.
você tem sorte de sentir o amor como precisa ser sentido. e mesmo que você tenha medo de vez em quando, mesmo que você tenha receio de se perder, você tem a sorte de ter coragem pra ir e se não for o que você espera, você tem sorte de carregar essa vontade de recomeçar.

você tem sorte de dar ao outro o melhor que você guarda dentro de si. e você tem sorte de ser imensidão também. de ser capaz de guardar tanto afeto no teu peito, transborda em quem abraça quem você é. você tem sorte de entrar na vida de alguém com a responsabilidade que todo mundo deveria ter. o outro tem sorte por te conhecer e você tem sorte por ser quem você é. mesmo inseguro às vezes.

você tem sorte de ser grande. de dar aquilo que vem de dentro. de respeitar o amor que você sente e de considerar quem entra na tua vida.

você tem sorte de ser flor num campo minado. de ser puramente amor. intensamente visceral. azar de quem te perde. sorte de você, por ser exatamente assim. quem você é.
.
você tem sorte pela força que você carrega. por renascer. por saber que reiniciar às vezes é preciso.
você tem sorte por você ser tudo isso que você é mesmo quando tentam te rasurar, te repartir ou te quebrar em pedaços. você tem sorte de ocupar o teu corpo, de carregar a tua pele, e de apesar de tudo, ser foda para caralho.

você é a sua própria sorte."

- Iandê Albuquerque


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

"Não persiga o amor. Não persiga a fama. Não persiga dinheiro.
Persiga a melhor versão de si mesma e as coisas a perseguirão".
- Resiliência Humana  

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

A menina quebrada ____________ Eliane Brum

"Era uma festa. Comemorávamos a vinda de um bebê que ainda morava na barriga da mãe. Eu havia acabado de segurá-la para que ela passasse a pequena mão na água da fonte do jardim. Ela tentava colocar o dedo gorducho no buraco para que a água se espalhasse, como tinha visto uma criança mais velha fazer. Parecia encantada com a possibilidade de controlar a água. Tem 1 ano e oito meses, cabelos cacheados que lhe dão uma aparência de anjo barroco e uns olhos arregalados. Com olheiras, Catarina é um bebê com olheiras, embora durma bem e muito. De repente, ela enrijeceu o corpo e deu um grito: "A menina.... A menina.... Quebrou".

Era um grito de horror. O primeiro que eu ouvia dela. Animação, manha, dor física, tudo isso eu já tinha ouvido de sua boca bonita. Aquele era um grito diferente. Não parecia um tom que se pudesse esperar de alguém que ainda precisava se esforçar para falar frases completas. Catarina estava aterrorizada. "A menina... A menina..." Ela continuava repetindo. Olhei para os lados e demorei um pouco a enxergar o que ela tinha visto em meio à tanta gente. Uma garota, de uns 10, 12 anos, talvez, com uma perna engessada. "Quebrou..." Catarina repetia. "A menina... quebrou."

Ela não olhava para mim, como costuma fazer quando espera que eu esclareça alguma novidade do mundo. Era mais uma denúncia. Pelo resto da festa, ela gritou a mesma frase, no mesmo tom aterrorizado, sempre que a menina quebrada passava por perto. Nos aproximamos da garota, para que Catarina pudesse ver que ela parecia bem, e que os amigos se divertiam escrevendo e desenhando coisas no gesso, mas nada parecia diminuir o seu horror. Os adultos próximos tentaram explicar a ela que era algo passageiro. Mas ela não acreditava. Naquele sábado de janeiro Catarina descobriu que as pessoas quebravam.

Eu a peguei, olhei bem para ela, olho no olho, e tentei usar minha suposta credibilidade de madrinha: "A menina caiu, a perna quebrou, agora a perna está colando, e depois ela vai voltar a ser como antes". Catarina me olhou com os olhos escancarados, e eu tive a certeza de que ela não acreditava. Ficamos nos encarando, em silêncio, e ela deve ter visto um pouco de vergonha no assoalho dos meus olhos. Era a primeira vez que eu mentia pra ela. E dali em diante, ela talvez intuísse, as mentiras não cessariam. Naquela noite, depois da festa, fui dormir envergonhada.

O que eu poderia dizer a você, Catarina? A verdade? A verdade você já sabia, você tinha acabado de descobrir. As pessoas quebram. Até as meninas quebram. E, se as meninas quebram, você também pode quebrar. E vai, Catarina. Vai quebrar. Talvez não a perna, mas outras partes de você. Membros invisíveis podem fraturar em tantos pedaços quanto uma perna ou um braço. E doer muito mais. E doem mais quando são outros que quebram você, às vezes pelas suas costas, em outras fazendo um afago, em geral contando mentiras ou inventando verdades. Gente cheia de medo, Catarina, que tem tanto pavor de quebrar, que quebram outros para manter a ilusão de que são indestrutíveis e podem controlar o curso da vida. E dão nomes mais palatáveis para a inveja e para o ódio que os queima. Mas à noite, Catarina, à noite, eles sabem.

E, Catarina, você tem toda a razão de duvidar. Depois de quebrar, nunca mais voltamos a ser como antes. Haverá sempre uma marca que será tão você quanto o tanto de você que ainda não quebrou. Viver, Catarina, é rearranjar nossos cacos e dar sentido aos nossos pedaços, os novos e os velhos, já que não existe a possibilidade de colar o que foi quebrado e continuar como era antes. E isso é mais difícil do que aprender a andar e a falar. Isso é mais difícil do que qualquer uma das grandes aventuras contadas em livros e filmes. Isso é mais difícil do que qualquer outra coisa que você fará. Existe gente, Catarina, que não consegue dar sentido, ou acha que os farelos de sentido que consegue escavar das pedras são insuficientes para justificar uma vida humana, e quebra. Quebra por inteiro. Estes você precisa respeitar, porque sofrem de delicadeza. E existe gente, Catarina, que só é capaz de dar um sentido bem pequenino, um sentido de papel, que pode ser derrubado mesmo com uma brisa. E essa brisa, Catarina, não pode ser soprada pela sua boca. Ser forte, Catarina, não é quebrar os outros, mas saber-se quebrado. É ser capaz de cuidar de seus barcos de papel – e também dos barcos dos outros – não como uma criança que os imagina poderosos, de aço. Mas sabendo que são de papel e que podem afundar de repente.

Não, acho que eu não poderia ter dito isso a você, Catarina. Não naquela noite, não agora. Ao lhe assegurar, cheia de autoridade de adulto, que tudo estava bem com a menina quebrada, com qualquer e com todas as meninas quebradas, o que eu dei a você foi um vislumbre da minha abissal fragilidade. Esta, Catarina, é uma verdade entre as tantas mentiras que lhe contei, ao tentar fazer com que acreditasse que eu seria capaz de proteger você. Vai chegar um momento, se é que já não houve, em que você vai olhar para todos nós, seus pais, seus "dindos", seus avós e tios, e vai perceber que nós todos vivemos em cacos. E eu espero que você possa nos amar mais por isso.

Essa conversa, Catarina, está apenas adiada. Talvez, daqui a alguns anos, você precise me perguntar como se faz para viver quebrada. Ou por que vale a pena viver, mesmo se sabendo quebrada. E eu vou lhe contar uma história. Ela aconteceu alguns dias depois daquela festa em que você descobriu que até as meninas quebram. Nós estávamos na fila do caixa do supermercado perto de casa, com uma cesta cheia de compras, e havia um homem atrás de nós. Era um homem vestido com roupas velhas e sujas, parte delas quase farrapos. E ele cheirava mal. Poderia ser alguém que dorme na rua, ou alguém que se perdeu na rua por uns tempos. Ficamos com medo de que o segurança do supermercado tentasse tirá-lo dali, ou que a caixa o tratasse com rispidez, ou que as outras pessoas na fila começassem a demonstrar seu desconforto, como sabemos que acontece e que jamais poderia acontecer. Enquanto pensávamos nisso, ele nos abordou. E pediu, com toda a educação, mas com os olhos dolorosamente baixos: "Por favor, será que eu poderia passar na frente, porque tenho pouca coisa?".
Quando lhe demos passagem, vimos que o homem não tinha pouca coisa. Ele só tinha uma. Sabe o que era, Catarina? Um sabonete. Era o que havia entre as mãos de unhas compridas e sujas, junto com algumas moedas e notas amassadas, como em geral são as notas que valem pouco. Aquele homem, que parecia ter perdido quase tudo, aquele homem talvez ainda mais quebrado que a maioria, porque tinha perdido também a possibilidade de esconder suas fraturas, o que ele fez? Quando conseguiu juntar uns trocados, o que ele escolheu comprar? Um sabonete.

Catarina, talvez um dia, daqui a alguns anos, você volte a me olhar nos olhos e a dizer: "A menina... quebrou". Ou: "Eu... quebrei". E talvez você me pergunte como continuar ou por que continuar, mesmo quebrada. E eu vou poder lhe dizer, Catarina, pelo menos uma verdade: "Por causa do sabonete".

http://www.minutopsicologia.com.br/postagens/2015/02/21/a-menina-quebrada/


quarta-feira, 2 de setembro de 2020

"Que eu mantenha a calma no meio do meu caos. 
Que eu deseje sempre o bem, mesmo quando sentir raiva.
Que eu continue a ter esperança, mesmo com tantas decepções.
Que eu procure ser melhor a cada dia, principalmente nos dias difíceis.
Que eu sempre me lembre o quanto pensar positivo atrai energia boa.
Que eu tenha a capacidade de perdoar e seguir em frente, sempre".
- By Nina  

terça-feira, 1 de setembro de 2020

"primeiro considerei fardo
agora acho que é algo como sorte
tudo em mim escorre, se espalha
me derramo como enchente
desconheço metades
e ofereço travessia
pra quem se vê
no mesmo ritmo que eu.

sou a brecha
de uma nova narrativa
se chegar de peito aberto
pode apostar que te preencho
do jeito mais bonito possível".

-Ryane Leão em "Jamais peço desculpas por me derramar" (p. 136).


"E a gente vai vivendo e aprendendo que o que temos de mais precioso não é o que nossas mãos alcançam, mas o que o nosso coração abraça...