quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

SOBRE BORBOLETAS E PSICOTERAPIA



No primeiro ano do curso de Psicologia, durante uma aula, a professora Sandra Perez Tarricone nos contou que a borboleta era um dos símbolos da Psi. Na hora, aquilo já fez todo o sentido: sempre fui fã da leveza e das cores das borboletas, mas principalmente me fascinava pelo que eu achava que elas representavam, sobretudo: a transformação. Como Ana Jácomo tão lindamente escreveu:

"Indagada, na entrevista, sobre aprendizados do tempo do casulo, a borboleta silenciou, movimentou as asas delicadamente, olhou para a margarida que acabara de abraçar, e sorriu. Contemplativa, revisitou na memória a atmosfera de alguns sentimentos que a pergunta lhe fez acessar. Findo o passeio, respondeu à repórter:
- Houve um momento em que o aperto foi tão extremo e aflitivo que eu imaginei não conseguir suportar. Eu nem sabia que, exatamente naquele ponto, a natureza tecia asas para mim, em silêncio, mas foi lá que senti que eu era feita também para voar. O aperto, entendi somente depois, era uma espécie de morte, um prenúncio da transformação, uma ponte que me levaria a outro modo de ser." 

Por vezes esses apertos são grandes oportunidades de mudança. E a psicoterapia me parece com esse momento de casulo, de espera, de olhar para dentro de si para então poder ressurgir, sob nova forma, mais livre.

Lembrei disso quando procurava hoje uma imagem para colocar com a notícia de que volto a atender em consultório como psicóloga clínica na semana que vem. Pude pensar a respeito da minha própria metamorfose nesses últimos dez anos (comecei a graduação em 2005). Do percurso que fiz até aqui, com a experiência clínica - principalmente com crianças, com meu trabalho junto com o Marcelo Bonachela, que foi meu professor, meu supervisor e hoje é meu amigo (e com quem vou dividir o espaço) ... Dos aprendizados diários na Saúde Mental, da pós e do Mestrado, que finalizo neste ano ... Quantos casulos, quantos "apertos", quantas transformações ...

E, principalmente, sinto-me motivada pela experiência única de poder acompanhar de perto tantas outras transformações, algumas mais fáceis, outras bem dolorosas, mas que fazem parte desse privilégio que é ser psicóloga e estar junto com o outro.

Desejem-me boa sorte!


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