quarta-feira, 2 de outubro de 2024

 "Na empatia, às vezes cega de si mesma, podemos ir em direção ao sofrimento do outro e nos esquecermos de nós. Na compaixão, para irmos ao encontro do outro, temos que saber quem somos e do que somos capazes.

Vou tentar explicar o risco da empatia cega: suponha que você tem combustível no seu carro para rodar cem quilômetros. Se você andar cem, não voltará para casa.

Simples assim. Se você tem capacidade de se colocar no lugar do outro, porém desconhece sua autonomia, corre o risco de entrar no lugar dele e nunca mais voltar para o seu. Terá andado demais sem ter ideia de quanto podia andar.

[...] Às vezes não temos escolha. Às vezes, é a pessoa que amamos que está morrendo, e passaremos do nosso limite. Só que, para dar conta de estar presente, teremos que atentar primeiro para nós mesmos. O ato de cuidar de alguém [...] sem a responsabilidade do autocuidado é, a meu ver, uma expressão clara e absoluta de hipocrisia [...]

Quem cuida do outro e não cuida de si acaba cheio de lixo. Lixo de maus cuidados físicos, emocionais e espirituais. E lixos não servem para cuidar bem de ninguém. Simples assim".

- Ana Cláudia Quintana Arantes em "A morte é um dia que vale a pena viver" (p.54-55).




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ciclos

"Alguns ciclos precisam de tempo, outros precisam de fim".