"Os cabelos, como podemos constatar ao longo da história, nunca foram indiferentes. Cada cultura, cada época, decidiu o significado de cortá-los, deixá-los crescer ou penteá-los de determinada forma, mas seu uso sempre foi simbólico. Seu corte foi um modo muito popularizado de subjugar o inimigo, de impor a alguém um castigo desonroso, mas também um sinal de respeito extremo, de veneração.
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Cortá-lo é uma forma de castração [...]
Para as tranças de Rapunzel, convergem dois sentidos: por um lado, são o símbolo da continuidade entre mãe e filha - cortá-las é cortar o vínculo simbiótico; por outro lado, são também um corte no corpo de Rapunzel, a marca que a fará estar longe da mãe e, por sua vez, a capacitará para amar e ter filhos. A castração é sempre lembrada como uma falta. Talvez seja uma inclinação pessimista da nossa cultura, porque, na verdade, sem a instalação dessa falta, não há desejo. Afinal, quem tem de tudo, nada quer. É depois que ela perde as tranças que sua vida de fato começa".
- Corso e Corso em "Fadas no Divã" (p. 69)
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