"O que sou 'eu' além das definições exteriores que podem dar de mim: a aparência física, o caráter exposto em linhas gerais, as relações mantidas com o outro, as ocupações profissionais e pessoais, os laços familiares e de amizade ...
Quem, em um sentido mais profundo, sou eu? E esse 'eu', que é a nossa riqueza, é construído quando nos abrimos para o mundo - a aptidão para observar, a empatia com o ser vivo, a necessidade de se incorporar ao real.
O 'eu' não seria o que é, ou o que somos, se certos acontecimentos não houvessem ocorrido, acontecimentos esses que canalizaram o curso da sua vida e, também, se 'eu' não tivesse experimentado a possibilidade de sentir aquela emoção específica, de vibrar naquela ocasião, de passar por aquela vivência com o corpo.
O mundo existe por meio dos nossos sentidos, antes de existir de maneira ordenada no nosso pensamento, e temos de fazer de tudo para conservar, ao longo da vida, essa faculdade criadora dos sentidos: ver, ouvir, observar, entender, tocar, admirar, acariciar, sentir, cheirar, saborear, ter 'gosto' por tudo, por todos, pelo próximo, enfim, pela VIDA".
- Françoise Héritier em "O sal da vida"
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