terça-feira, 12 de agosto de 2014

"Quando é retirada a máscara que o ator usa nas suas relações com o mundo, aparece uma face desconhecida. 
Olhar-se em espelho, que reflita cruamente esta face, é decerto ato de coragem. Será visto nosso lado escuro onde moram todas as coisas que nos desagradam em nós, ou mesmo que nos assustam, É nossa sombra. Os primitivos acreditavam que a sombra projetada por seus corpos, ou sua imagem refletida na água, fosse urna parte viva deles próprios. E, com efeito, a sombra (em sentido psicológico) faz parte da personalidade total. As coisas que não aceitamos em nós, que nos repugnam, e por isso as reprimimos, nós as projetamos sobre o outro, seja ele o nosso vizinho, o nosso inimigo político, ou uma figura símbolo como o demônio. E assim permanecemos inconscientes de que as abrigamos dentro de nós. Lançar luz sobre os recantos escuros tem como resultado o alargamento da consciência. Já não é o outro quem está sempre errado. Descobrimos que frequentemente 'a trave' está em nosso próprio olho."

- Nise da Silveira em Jung - Vida e Obra (p. 95-96)


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