"As pessoas ao seu redor dizem que a vida precisa continuar e você precisa seguir.
Seguir para onde?
Como?
Por quê?
Quando o mundo se tornou tão insensível a ponto de não notar que cada amanhecer e cada anoitecer fazem seu coração doer de saudade?
Quem permitiu que o mundo continuasse girando agora que, devido à perda, a sua vida parece ter estagnado?
A sensação é de estar existindo no piloto automático. Dar bom dia sem saber qual dia da semana é. Comer sem sentir prazer na comida. Vestir a primeira roupa que encontra no guarda-roupa. Conversar amenidades, pois os problemas alheios parecem desimportantes e irritáveis. As tarefas do seu dia a dia são realizadas com pouco ou nenhum envolvimento afetivo. Embora não com o mesmo desempenho, seu corpo faz o que precisa ser feito, mas a alma não está ali.
A vida precisa de alma.
E a sua está temporariamente adormecida – faz parte do processo.
Infelizmente, o mundo não vai parar para que você viva o luto, então PARE VOCÊ!
Talvez você tenha medo de sentir e pense que, se o fizer, vai desmoronar. Talvez tenha medo de, uma vez no fundo do poço, não ser capaz de sair dali. Talvez acredite que o ideal é deixar o tempo curar a ferida aberta, mas o tempo NÃO transforma nada sozinho.
Li um post que resume o que percebo diariamente nos enlutados: fugir das tempestades te deixa sem água para florescer. É verdade que a desorganização interna provocada pelo luto faz você se perder nos destroços da perda antes de começar a se (re)encontrar e reaprender a viver. Apesar disso, seus sentimentos são uma forma básica de comunicar necessidades que não estão sendo atendidas. Lutar contra eles é impossível, além de improdutivo a médio e longo prazo. Dê voz ao que você sente, expresse a dor para si mesma. Permita sentir aos poucos, e no seu ritmo, a inundação emocional.
A vida lá fora segue acontecendo sem interrupções ou freios, mas para você poder se sentir parte dela outra vez, e com alma, antes será necessário desacelerar, olhar para dentro, cuidar das suas feridas com gentileza e presença. No seu tempo, mas agindo a favor dele".
- Psicóloga Camila Paiffer
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