"A obediência provoca uma descoberta chocante que deve ser registrada
por todas as mulheres. Ou seja, a de que ser nós mesmas faz com que nos isolemos
de muitos outros e, entretanto, ceder aos desejos dos outros faz
com que nos isolemos de nós mesmas.
É uma tensão angustiante e que precisa ser suportada, mas a escolha é clara.
[...]
Nós também sofremos interceptação quando a madrasta que existe em nós
e/ou à nossa volta nos diz que, para começar, não valemos muito e insiste
em que nos concentremos nas nossas falhas, em vez de perceber a crueldade
que gira ao redor - seja dentro da psique, seja dentro da cultura.
[...]
Podemos tentar ser gentis quando devíamos ser espertas.
Podemos ter sido ensinadas a pôr de lado o insight penetrante com o objetivo
de não criar problemas. Contudo, a recompensa por ser boazinha,
em circunstâncias repressoras, é a de ser mais maltratada.
Embora a mulher sinta que, se for ela mesma, estará se afastando dos outros,
é exatamente essa tensão psíquica que é necessária para criar alma
e promover mudanças".
- Clarrisa Pinkola Estés em Mulheres que correm com lobos (p. 112-114).
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