sexta-feira, 2 de outubro de 2020

"A obediência provoca uma descoberta chocante que deve ser registrada 
por todas as mulheres. Ou seja, a de que ser nós mesmas faz com que nos isolemos
 de muitos outros e, entretanto, ceder aos desejos dos outros faz 
com que nos isolemos de nós mesmas. 
É uma tensão angustiante e que precisa ser suportada, mas a escolha é clara.
[...]
Nós também sofremos interceptação quando a madrasta que existe em nós 
e/ou à nossa volta nos diz que, para começar, não valemos muito e insiste 
em que nos concentremos nas nossas falhas, em vez de perceber a crueldade
 que gira ao redor - seja dentro da psique, seja dentro da cultura.
[...]
Podemos tentar ser gentis quando devíamos ser espertas. 
Podemos ter sido ensinadas a pôr de lado o insight penetrante com o objetivo 
de não criar problemas. Contudo, a recompensa por ser boazinha, 
em circunstâncias repressoras, é a de ser mais maltratada. 
Embora a mulher sinta que, se for ela mesma, estará se afastando dos outros, 
é exatamente essa tensão psíquica que é necessária para criar alma 
e promover mudanças".

- Clarrisa Pinkola Estés em Mulheres que correm com lobos (p. 112-114).


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