"Tinha uma mina que era um esquema certo.
A gente sempre saia, curtia, dormia junto e no outro dia cada um no seu lado.
Não havia essa de compromisso, cobrança e todas essas coisas chatas
que os relacionamentos tem.
Uma dessas noites ela estava mais calada, eu brinquei e ela não sorriu.
Tinha a grana certa pro motel, mas vi que não tinha clima pra gente.
Então dei a ideia de irmos em um karaokê. Ela me olhou estranho, mas topou.
Chegando lá eu fui o primeiro a cantar (uma vergonha) após muita insistência
ela cantou também (outra vergonha) depois sentou do meu lado, riu e disse
que as coisas estavam uma loucura. Que o chefe estava no pé dela, que as coisas
em casa não estavam bem, que ela queria sumir.
Lembro que a gente conversou uma noite inteira, rimos, choramos,
e pela primeira vez fomos íntimos, sem nem tirar uma peça de roupa.
Marcamos depois outros rolês, mas o motel já não era tão interessante assim.
Então começamos a frequentar a mesma cama.
E já faz sete anos que eu sinto saudade de ouvir a voz dela naquele karaokê,
pois há sete anos tenho que escutar ela cantando no banheiro de casa...
A gente não faz ideia, mas o que mantém uma relação, o que faz
com que duas pessoas deixem de ser estranhas e se tornem íntimas
não é quando ambas deitam e fazem de tudo em uma cama.
É quando ambas sentam na cama e buscam resolver tudo,
pra que quando o prazer acabar, o amor continue."
- @marcosbulhoes, via "Pequenas epifanias e outros devaneios"
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