"admirei a coragem de uma mulher que sentava-se à minha frente hoje no metrô.
ela chorava, copiosamente, depois de terminar um namoro.
me disse: 'a gente precisa chorar enquanto tiver lágrimas. porque depois,
não resta nada'. fui pra casa com essa frase na cabeça e cheguei à conclusão
de que precisamos, sim, chorar tudo que pudermos.
chorar aquela relação que tinha tudo pra dar certo, mas não deu.
chorar aquela amizade perdida no meio do caminho, por questões cotidianas,
porque cada uma se atolou nas suas próprias rotinas.
chorar aquele final de semana que você perdeu porque estava estudando tanto,
mas tanto, que depois se arrependeu de não ter aproveitado melhor os dias.
e chorar, enfim, o que você queria mas não aconteceu.
aquele emprego dos sonhos. a saudade dos pais. a ausência da avó.
a comida da mãe que faz tempo que sua boca não abraça.
chorar e se permitir ser vulnerável. porque estamos sempre correndo
e perdendo hora. porque estamos sempre atrasados,
para as relações ou para as reuniões de trabalho.
para os aniversários dos melhores amigos ou para os planos sobre o futuro,
que a gente já nem sabe se quer realizar.
chorar e se permitir ser vulnerável pra não chegar em mais uma relação
com a garganta cheia de coisa pra dizer, pra não despejar na pessoa errada,
pra não acabar antes mesmo de começar. é preciso chorar todas as mágoas,
onde quer que seja, e se permitir ser vulnerável [no trabalho,
nos transportes públicos, na faculdade] pra não cair no erro de achar
que é invencível, que é indestrutível.
você é humana, acima de tudo. e vulnerável também.
chore, se quiser. desabe, se precisar.
e siga em frente, quando achar que já pode.
nossos processos são demorados mesmo. e tudo bem".
- Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente
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