"Além do conteúdo das histórias, a circunstância que envolve a narrativa de Sherazade e sua atitude frente ao sultão são de importância seminal no resultado obtido: após mil e uma noites de histórias o soberano desiste de assassiná-la, compartilha com ela o trono e gera filhos. Volta a ser um rei justo e sábio.
Para tanto, é necessário que a narradora, de forma sincera e delicada, o convença de seu real interesse por ele. Embora temerosa de sua violência, Sherazade sente genuína empatia por seu sofrimento. Compartilha com ele a esperança de reconstrução de sua personalidade estilhaçada. [...]
Shariar vai se dando conta, pouco a pouco, noite após noite, de que a perda daquela narradora seria um mal maior do que os eventuais riscos que aquela ou qualquer intensa relação humana implicam; percebe finalmente que a presença do ser amado, do amigo, de pessoas significativas constitui uma necessidade, como o ar que se respira, o alimento que nutre.
E conclui que é preferível arriscar ser traído, abandonado, ludibriado ou desapontado a perder o objeto de amor - o outro - por meio do qual constantemente se faz e refaz a história pessoal, por meio do qual visceralmente nos narramos e nos tornamos humanos".
- Purificacion Barcia Gomes (Mente e cérebro - janeiro de 2007)
Olá, Luciana!
ResponderExcluirEu estava procurando poesias e acabei encontrando o seu blog. Parabéns pelo espaço!
Eu resolvi comentar esse post, porque gosto muito dessa história mesmo sem ter tido a oportunidade de ler o livro ainda. Tem algo de muito especial nela.
Muito sucesso para ti e parabéns também pelo seu dia, pois vi que você é psicóloga.
Abraço.
http://tamiresmirele.blogspot.com