"Eu me desnudo emocionalmente quando confesso minha carência –
que estarei perdido sem você, que não sou necessariamente a pessoa independente
que tentei aparentar. Na verdade, não passo de um fraco, cuja noção dos rumos
ou do significado da vida é muito restrita. Quando choro e lhe conto coisas que,
confio, serão mantidas em segredo, coisas que me levarão à destruição,
caso terceiros tomem conhecimento delas, quando vou a festas e não me entrego
ao jogo da sedução porque reconheço que só você me interessa,
estou me privando de uma ilusão há muito acalentada de invulnerabilidade.
Me torno indefeso e confiante como a pessoa no truque circense,
presa a uma prancha sobre a qual um atirador de facas exercita sua perícia
e as lâminas que eu mesmo forneci passam a poucos centímetros da minha pele.
Eu permito que você assista a minha humilhação, insegurança e tropeços.
Exponho minha falta de amor-próprio, me tornando, dessa forma,
incapaz de convencer você (seria realmente necessário?) a mudar de atitude.
Sou fraco quando exibo meu rosto apavorado na madrugada, ansioso
ante a existência, esquecido das filosofias otimistas e entusiasmadas
que recitei durante o jantar. Aprendi a aceitar o enorme risco de que, embora
eu não seja uma pessoa atraente e confiante, embora você tenha a seu dispor
um catálogo vasto de meus medos e fobias, você pode, mesmo assim, me amar…"
- Alain de Botton em "O movimento romântico" (p. 160)
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