"Durante a vida inteira fiz do amor o protagonista da minha história.
Sempre, em todo o tempo, estava apaixonado, amando, sendo correspondido,
sofrendo por finais, esperando por novos começos.
Mas, depois que me tornei “adulto”, comecei a refletir sobre o papel
que esse sentimento tinha em meus dias. E digo “adulto”
no acúmulo de experiências e sensações. Não sou a idade que está nos papéis.
O meu mundo segue um calendário próprio por dentro de mim.
Acontece que a gente se sente extremamente incompleto.
Ou melhor, sempre me senti. Sempre busquei exteriormente as partes
que faltavam em meu peito. Sentia-me a tradução perfeita de um quebra-cabeça
de milhares de peças que alguém, por distração, perdeu alguns encaixes.
Minha missão, aparentemente, era revirar a casa inteira tentando encontrar
esses pedacinhos para, finalmente, me sentir completo.
.
A vida segue. É importante dizer – apesar de parecer óbvio.
E, com isso, quero só afirmar que – não importa o estado do seu coração,
os dias vão passar – e você vai passando junto com eles.
Então, andei descobrindo que existem outras necessidades para além
de me dedicar a alguém, de mergulhar em seu mundo, suas crises, suas vontades,
seus medos, seus anseios, suas angústias, além de despertar sorrisos
e bem-estar no outro. Eu descobri que – eu existo. Pior. Eu descobri que me ignoro.
Que me deixo para depois. E esse “depois” nunca chega.
.
Depois de algumas decepções, depois de algumas tentativas, a gente cansa.
Mas este, amigo, é o melhor cansaço do mundo.
Quando a gente se vê exausto de tentar “dar certo com alguém”,
descobrimos que precisamos voltar ao começo do jogo e
“dar certo com nós mesmos”. Chamam isso de amor próprio.
Mas, esse tipo de amor é muito pouco explicado por aí. Sendo, assim, vou resumir:
se amar é se cuidar. É se oferecer todos os abraços, beijos, afagos, atenção,
é ser tão disponível para si quanto você seria para o amor da sua vida.
Quer dizer – você é o amor da sua vida. Hoje, me vejo assim.
E posso te garantir, continuo um quebra-cabeça incompleto, mas, agora,
sei que ninguém além de mim pode sequer se sentir ousado o suficiente
para pensar em me preencher. Eu me basto."
- Matheus Rocha
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