sábado, 25 de janeiro de 2020

"Durante a vida inteira fiz do amor o protagonista da minha história. 
Sempre, em todo o tempo, estava apaixonado, amando, sendo correspondido, 
sofrendo por finais, esperando por novos começos. 
Mas, depois que me tornei “adulto”, comecei a refletir sobre o papel 
que esse sentimento tinha em meus dias. E digo “adulto” 
no acúmulo de experiências e sensações. Não sou a idade que está nos papéis. 
O meu mundo segue um calendário próprio por dentro de mim.

Acontece que a gente se sente extremamente incompleto. 
Ou melhor, sempre me senti. Sempre busquei exteriormente as partes 
que faltavam em meu peito. Sentia-me a tradução perfeita de um quebra-cabeça 
de milhares de peças que alguém, por distração, perdeu alguns encaixes. 
Minha missão, aparentemente, era revirar a casa inteira tentando encontrar 
esses pedacinhos para, finalmente, me sentir completo.
.
A vida segue. É importante dizer – apesar de parecer óbvio. 
E, com isso, quero só afirmar que – não importa o estado do seu coração, 
os dias vão passar – e você vai passando junto com eles. 
Então, andei descobrindo que existem outras necessidades para além 
de me dedicar a alguém, de mergulhar em seu mundo, suas crises, suas vontades, 
seus medos, seus anseios, suas angústias, além de despertar sorrisos 
e bem-estar no outro. Eu descobri que – eu existo. Pior. Eu descobri que me ignoro. 
Que me deixo para depois. E esse “depois” nunca chega.
.
Depois de algumas decepções, depois de algumas tentativas, a gente cansa. 
Mas este, amigo, é o melhor cansaço do mundo. 
Quando a gente se vê exausto de tentar “dar certo com alguém”, 
descobrimos que precisamos voltar ao começo do jogo e 
“dar certo com nós mesmos”. Chamam isso de amor próprio. 
Mas, esse tipo de amor é muito pouco explicado por aí. Sendo, assim, vou resumir:
 se amar é se cuidar. É se oferecer todos os abraços, beijos, afagos, atenção, 
é ser tão disponível para si quanto você seria para o amor da sua vida. 
Quer dizer – você é o amor da sua vida. Hoje, me vejo assim. 
E posso te garantir, continuo um quebra-cabeça incompleto, mas, agora, 
sei que ninguém além de mim pode sequer se sentir ousado o suficiente 
para pensar em me preencher. Eu me basto." 

- Matheus Rocha


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