sexta-feira, 14 de setembro de 2018

"A Morte não é algo que nos espera no fim. 
É companheira silenciosa que fala com voz branda, sem querer nos aterrorizar, 
dizendo sempre a verdade e nos convidando à sabedoria de viver. 
A branda fala da Morte não nos aterroriza por nos falar da Morte.
 Ela nos aterroriza por nos falar da Vida. Na verdade, a Morte 
nunca fala sobre si mesma. Ela sempre nos fala sobre aquilo 
que estamos fazendo com a própria Vida, as perdas, os sonhos 
que não sonhamos, os riscos que não tomamos (por medo), os suicídios lentos 
que perpetramos. Embora a gente não saiba, a Morte fala com a voz do poeta. 
Porque é nele que as duas, a Vida e a Morte, encontram-se reconciliadas, 
conversam uma com a outra, e desta conversa surge a Beleza... 
Ela nos convida a contemplar a nossa própria verdade. 
E o que ela nos diz é simplesmente isto: 
'Veja a vida. Não há tempo a perder. É preciso viver agora! 
Não se pode deixar o amor para depois...'."

- Rubem Alves



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