"Eu sei dos seus temporais, da sua voz embargada, do nó na garganta, do seu olhar marejado.
Sei do esforço gigante que você faz pra se manter de pé, quando tudo parece ruir, quando o peso do mundo está sobre os seus ombros e você pensa em desistir.
Eu sei dos seus temporais.
Do choro baixinho na calada da noite, das lembranças que te invadem, lhe roubando o sono, dos "quases" que te estacionam, do lugar no mundo que você procura.
Conheço o dia em que você, engolindo o choro, se despediu, e nunca se perdoou por deixar partir sua paz inteira.
Eu conheço suas cartas amareladas, os cartões de Natal e a fotografia que se desbotou junto com o seu sorriso.
Eu sei também de sua alegria tímida, escondida num canto, sem querer ser vista. Como se, por tantos tropeços e desacertos, você se punisse estrada afora, se sabotando e não se permitindo sorrir.
Eu sei dos seus temporais.
Dos dias em que o seu peito era só saudade, dos seus momentos mais ternos guardados numa caixinha escondida, onde ninguém consegue encontrar.
Eu sei dos seus temporais, mas sei também que existe aí, dentro de você, um botão querendo ser flor e uma fagulha que te mostra a direção quando as luzes se apagam.
E eu sei que, no meio da bagunça de suas emoções, existe uma janela escancarada, te chamando pra viver".
- Eunice Ramos
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