domingo, 17 de julho de 2022

"Quando dói em mim, eu deixo. Deixo doer até a última gota de água salgada. 

Depois ela se vai. 

A dor não quer outra coisa que não seja exercer sua função: doer. 

E não é banalizando, embotando as emoções que ela vai deixar de surgir 

de tempos em tempos. 

Não sei como dói em você, mas por saber como dói a minha dor 

eu tento imaginar a sua: de tão abstrata incomoda fisicamente 

porque se humaniza em nós. E nos humaniza. 

Deixe doer o que for honesto. Deixe alagar seus olhos de chuva, 

escorrer pelo seu rosto e traçar caminhos sinuosos ou retas perfeitas 

como fazem os rios. 

A dor só quer te lembrar que há vida naquilo que você rejeitou 

porque compunha o outro extremo do que imaginávamos ser a felicidade. 

A dor quer que você adquira sabedoria experimentando a totalidade".

- Marla de Queiroz




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