"Quando dói em mim, eu deixo. Deixo doer até a última gota de água salgada.
Depois ela se vai.
A dor não quer outra coisa que não seja exercer sua função: doer.
E não é banalizando, embotando as emoções que ela vai deixar de surgir
de tempos em tempos.
Não sei como dói em você, mas por saber como dói a minha dor
eu tento imaginar a sua: de tão abstrata incomoda fisicamente
porque se humaniza em nós. E nos humaniza.
Deixe doer o que for honesto. Deixe alagar seus olhos de chuva,
escorrer pelo seu rosto e traçar caminhos sinuosos ou retas perfeitas
como fazem os rios.
A dor só quer te lembrar que há vida naquilo que você rejeitou
porque compunha o outro extremo do que imaginávamos ser a felicidade.
A dor quer que você adquira sabedoria experimentando a totalidade".
- Marla de Queiroz
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