terça-feira, 29 de outubro de 2019

"Nenhum encontro acontece por acaso na vida da gente. Ninguém é aleatório, mesmo os que nos despedaçam. Acredito que todo ser humano que encontramos na jornada da existência traz consigo um ensinamento importante. Há pessoas que me ensinaram sobre a vida, sobre o mundo, e outras, sobre versões de mim que me eram, até então, desconhecidas. 

Às vezes, depois de uma pessoa, a gente se sente do tamanho de uma formiga. Parece que fomos atropelados e roubados de nós. Dá vontade de pedir para a pessoa devolver quem a gente era antes de tê-la conhecido. Às vezes, depois de uma pessoa, demora-se para fazer a digestão; ficamos com nós na garganta, buracos no estômago, sem saber direito se foi alguém de carne e osso ou um furacão categoria 5 que nos devastou. 
Às vezes, depois de uma pessoa, a gente se sente mais leve, mais esperançoso, vivendo os dias difíceis com a certeza de que há colo seguro para voltar. A gente dá asas à criança interior e brinca, dança, canta, sente o coração dar piruetas, sem medo de ser julgado. Depois de pessoas assim, em que somos ensinados sobre o amor e a generosidade, mesmo quando precisam se despedir de nós ou da vida, elas nos constroem, edificam, fertilizam o nosso crescimento. 
Às vezes, depois de uma pessoa, a borboleta em processo de metamorfose no casulo se liberta, a gente voa para o universo que existe dentro da gente. Ser turista de si é terrível, a gente precisa ser nativo. Porque não adianta conhecer a galáxia, milhões de países, falar fluentemente vários idiomas, e não escutar as batidas do próprio coração, não fazer silêncio para se ouvir e se compreender, não saber decifrar emoções, não conhecer a própria biografia, não ter intimidade com quem a gente é, com o corpo que se faz lar. 
Às vezes, depois de uma pessoa, a gente finalmente aprende sobre nossos limites, aprende que se cuidar é princípio básico para não morrer a cada dia, aprende a respeitar nosso tempo e, sobretudo, aprende que não se pode voltar na existência. Cada decisão tem o seu valor por ser única. A vida e quem encontramos nela são irrepetíveis. 
Quem são as suas pessoas? E que pessoa você tem sido, é ou deseja ser para cada ser humano que encontra?
- Camila Paiffer




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