quarta-feira, 16 de outubro de 2019

“existem aqueles dias em que a simples ação de respirar leva você à exaustão. parece mais fácil desistir desta vida. a ideia de desaparecer é capaz de trazer paz. passei tanto tempo sozinha num lugar em que não existia sol, em que não crescia flor. mas de vez em quando no meio da escuridão alguma coisa que eu amava surgia para me trazer de volta à vida. como testemunhar um céu estrelado. a leveza de dar risada com velhos amigos. [...] viver é difícil. é difícil para todas as pessoas. e é bem nesse momento que a vida parece um eterno rastejar por um túnel minúsculo. que precisamos resistir com força às memórias negativas. nos recusar a aceitar os meses ruins ou anos ruins. porque nossos olhos querem engolir o mundo. ainda há tantos lugares com água turquesa para mergulhar. há a família. de sangue ou a escolhida. a possibilidade de se apaixonar. pelas pessoas e lugares. colinas altas como a lua. vales que vão fundo em novos mundos. e viagens de carro. acho muito importante aceitar que nós não somos mestres deste lugar. somos apenas hóspedes. e como visitantes devemos aproveitá-lo como um jardim. tratá-lo com gentileza. para que quem vier depois também aproveite. devemos encontrar nosso sol. cultivar nossas flores. o universo presenteou com toda luz e sementes. talvez às vezes a gente não ouça mas aqui sempre tem música. só precisa aumentar o volume ao máximo. enquanto houver ar em nossos pulmões - precisamos continuar dançando".

- Rupi Kaur em "O que o sol faz com as flores" (p. 250).




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