Epílogo:
"Esta é a história de uma mulher e de um homem que se amaram plenamente, salvando-se assim de uma existência vulgar. Eu a levei na memória conservando-a para que o tempo não a desgastasse e é só agora, nas noites silenciosas deste lugar, que finalmente posso contá-la. Eu o farei por eles e por outros que me confiaram suas vidas dizendo: toma, escreve, para que o vento não o apague."
"Sem pensar, Francisco a atraiu para si e buscou sua boca. [...] Cada um percebeu a pele do outro nunca antes tão clara e próxima, a tensão de suas mãos, a intimidade de um contato almejado desde o começo dos tempos. Um calor palpitante foi-lhes invadindo os ossos, as veias, a alma, algo que não conheciam ou haviam esquecido por completo, pois a memória da carne é frágil. Tudo desapareceu ao redor deles e só tiveram consciência de seus lábios unidos, tomando e recebendo. Em verdade foi apenas um beijo, a sugestão de um contato esperado e inevitável, mas ambos estavam seguros de que este seria o único beijo que poderiam recordar até o fim de suas vidas e, de todas as carícias, a única a deixar uma marca certa em suas nostalgias".
(p. 130-131)
- Isabel Allende in "De amor e de sombra"
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