"O Senhor dos Anéis (livro e filme) nos seduz. E não é apenas por prometer evasão para uma terra exótica e mágica. Estamos a fim de ir para a Terra Média sobretudo porque, lá, um hobbit comum como a gente teve a chance de mostrar do que ele era capaz.
Tenho um misto de simpatia e desconfiança pelos sonhos de aventuras heróicas, que são tão presentes em todos nós.
Tenho simpatia porque gosto desse mundo, em que o valor de cada um depende de seus atos, e não da nascença ou do tamanho. Assim como gosto que o heroísmo não seja a prerrogativa de uma casta, mas uma chance para o homem qualquer descobrir e afirmar sua grandeza.
Tenho desconfiança porque, à força de esperar que provas extraordinárias nos revelem ao mundo e a nós mesmos, acabamos esquecendo o valor das coisas ordinárias. Celebramos o heroísmo só em aventuras espetaculares e mal sabemos reconhecê-lo na persistência das tarefas difíceis, às vezes repetitivas, do cotidiano".
- Contardo Calligaris
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