sábado, 4 de junho de 2016


"Uma coisa é jogar peteca sozinho. A gente bate a peteca para o alto, ela sobe, 
dá uma cambalhota, desce, e quando ela acaba de descer a gente bate de novo ...  
É muito divertido. Mas é um jogo solitário. [...]

Uma outra coisa é jogar peteca com um parceiro. Agora o que é divertido 
não é o exercício solitário jogador-peteca (amante-amor). 
O que é divertido é a relação que se estabelece. 
Mas essa relação exige que o outro me devolva a peteca.

Você está me dizendo que você joga a peteca, mas o seu parceiro não a devolve. 
A peteca cai no chão. Acho que é isso que você quer dizer ao falar de 'retribuição'. Você está jogando sozinha o jogo do amor. [...]

São três as alternativas:
1. Você para de jogar peteca. Joga a peteca fora. 
Aprende a jogar outro jogo - o jogo do trabalho, por exemplo.

2. Você se conforma em jogar peteca sozinha, isto é, consola-se 
com o 'sentimento amoroso' infeliz.

3. Você para o jogo, pega a peteca e vai procurar um outro parceiro
 que tenha prazer em jogar peteca com você.

A escolha quem faz é você".


- Rubem Alves in "Amar sem esperar retribuição", 
no livro "A grande arte de ser feliz" 


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