segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Carta a uma amiga

Kris, antes de ontem assisti "Jogo de Cena" e ontem "Edifício Master". Muito bons! Que sensibilidade tinha esse Eduardo Coutinho ... 
Do primeiro, me marcaram as duas mães: a primeira, que perdeu o filho logo que nasceu e em um sonho teve a compreensão de que isso foi um ato de compaixão de Deus para evitar sofrimentos ao bebê e à mãe. A outra, a mãe que perdeu seu filho em um assalto e teve um certo alívio ao sonhar com ele, que havia se diplomado em anjo ... Mas ainda sente que Deus fez uma maldade com ela e que Ele nunca lhe disse porque levou seu filho ... As mães são tão imensas, tão profundas ... E nessas duas, essa relação direta com o divino.
Pra aliviar ou pra questionar, já que o ser humano é incapaz de responder às questões mais essenciais e existenciais ...

Em Edifício Master, fiquei esperando a tua Daniela. Intrigante mesmo. Mas pra mim, marcou mais o Antonio Carlos, falando de sua infância, se emocionando ... Mas todos, todos tão únicos... e essa coragem linda de se expor. De se mostrar, no mais secreto, na dor e delícia de ser o que é. Não sei se percebem como são preciosos. Todos nós somos. Eu não tinha visto os documentários do Coutinho, mas sempre amei os programas que a Regina Casé fazia nos anos 90, tipo "Brasil Legal". Aí, ela viajava e encontrava qualquer pessoa em suas andanças, e pedia pra que ela contasse sua história, e saia tanta coisa linda dali ... isso me fascinava, acho que por isso eu escolhi a Psicologia. Pra ouvir histórias. E crescer com elas. E aquele que conta, muitas vezes enxerga isso também - de como é único. Raro. Rico de vivências.

Minha câmera está preparada para gravar a canção da minha vida. O ano eu já sei, o momento também ... Difícil escolher a música. Porque naquele momento tinha pelo menos umas cinco que eu ouvia, cantava e sofria ... e tinha uma certa beleza voltar o disco para aquele ponto (não era cd ainda) ... e deixar doer de novo ... e fico tentando escolher qual letra traduz melhor os sentimentos daqueles dias. Queria que minhas músicas fossem mais chiques, mais requintadas ... mas meu gosto musical na época era duvidoso. Melhor assim, porque quando a vida escolhe nossa trilha sonora ela não se preocupa com a moda, mas sim com o que está por trás - o sentimento, o sentido.

Nesse feriado, esse meu longo recado pra você, afirmando minha dependência da tua amizade. Beijos!


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