sábado, 6 de setembro de 2014

"Alguém pergunta, você quer sarar?
Claro que sim, respondo.
Então peça a Deus, se o fizer de verdade vai sarar.
Mas, se Deus já sabe que quero sarar de verdade, por que tenho que pedir?
Alguém diz: eu o aprecio muito. Você acredita em mim?
Sim, mas o que importa se você me aprecia muito ou muitíssimo, e eu também o aprecie, se isso não muda a realidade?
Você desistiu de viver. Isso é negativo, destrutivo, assegura o sabichão.
Essa maneira de pensar entre dominante e serviçal é tão ridícula que só um ser absolutamente degenerado pode achar natural esse comportamento humilhante. 
Se não fosse por seus defeitos, você não seria o mesmo!
Será que você seria como é se não fosse tetraplégico?
Você pensaria sobre as mesmas coisas?
É claro que não, o indivíduo sempre é ele mais sua circunstância. Mas se você necessita da visão, ou da vivência do horror para se elevar e crescer espiritualmente, humanizar-se e ser ética e moralmente superior, olhe para si mesmo. Pode ser que você seja incapaz de amar, mas não justifique por causa disso o horror dos demais. Para entender a dor não é necessário vivê-la!"

- Ramón Sampedro em Cartas do Inferno - livro que deu origem ao filme Mar Adentro




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