"Uma hipótese a respeito da origem da tatuagem seriam as marcas de cicatrizes adquiridas em guerras, lutas ou caças. Como elas se tornavam motivo de orgulho e reconhecimento ante o grupo, quem as possuísse carregava sinais de força e de virilidade.
Acredita-se que, a partir dessa ideia, as cicatrizes progressivamente foram substituídas pela representação voluntária no corpo, ou seja, o homem passou a produzir suas próprias cicatrizes, agora na forma de desenhos e símbolos riscados sob a pele [...].
Tatuagens têm a capacidade de modificar a autoestima, ou seja, as marcas sobre o corpo oferecem a quem as utiliza um tipo de poder ou distinção em relação aos demais.
Nesse sentido, é possível que seu papel se assemelhe ao dos amuletos no imaginário humano; a saber, o de que, quando carregados, transmitem força, coragem e determinação.
[...]
O que eu percebo em minha experiência clínica é que as pessoas que se tatuam, na verdade, o fazem nos momentos de muita angústia e de demasiado sofrimento pessoal.
Entendo assim ser inevitável que a vida nos deixe suas marcas (cicatrizes) das mais diferentes formas e maneiras, e tatuar-se nos faz lembrar dos períodos de grandes dificuldades (e superação).
[...]
Acredito que a vida sempre nos deixará algum tipo de marca.
[...] A vida nos tatua cotidianamente por meio das dificuldades. E, algum dia, finalmente, poderemos exibir essas tatuagens com alegria, como vestígios de nossa força e de nossa capacidade de sobrevivência.
Assim, cicatrizes, de tinta ou não, estarão sempre por aí".
- Cristiano Nabuco de Abreu em "Psicologia do cotidiano" (p. 251-254).
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