terça-feira, 2 de dezembro de 2014

"Como terapeutas pós-modernos, estamos sempre desafiados a construir nossos caminhos por territórios desconhecidos e sem mapas, tendo como guias justamente as pessoas que nos procuram e esperam pela nossa ajuda (Grandesso, 2000). Isso implica uma posição de humildade de modo a construir um contexto de proximidade, escuta aberta e aceitação das diferenças para que cada membro da família possa sentir-se respeitado e compreendido. Maturana (1998) afirma que, se no decorrer desse processo a paixão por viver juntos surgir, teremos então uma outra família, cuja característica constitutiva não mais será o sofrimento de seus membros. Uma terapia a serviço da responsabilidade individual, mas também da relacional, promove o cuidado consigo mesmo e com o outro, favorece o respeito e legitimação da alteridade, abrindo espaço para a coexistência. Nesse sentido, tal prática pode ser compreendida como uma terapia para o amor e, portanto, para a paz. Para a pessoa do terapeuta, agir coerentemente com esses princípios implica que se pergunte: quem sou eu, terapeuta; de que lugar estou falando; que vozes falam através de minha linguagem e ação; quais os valores envolvidos nos significados que estou construindo? Questões como essas implicam a necessidade de examinar os efeitos de nossas práticas, no sentido de caminhar na direção preferida de desenvolver tanto contextos de autonomia, como de comprometimento com o outro e o entorno. Este é o caminho possível de favorecer tanto a responsabilidade individual como a relacional, promovendo a liberdade de fazer escolhas orientadas pela responsabilidade e ética das relações (Morin, 2005).

In: Marilene Grandesso - Viver em Família: que tipo de futuro nós terapeutas familiares podemos ajudar a construir?      


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