"Parece-lhe apenas que o casal é criado de forma tal que o amor do homem e da mulher é a priori de uma natureza inferior ao que pode existir (pelo menos na melhor de suas versões) entre um homem e um cachorro - esta coisa estranha da história do homem, que o Criador certamente não previu.
É um amor desinteressado: Tereza não pretende nada de Karenin. Nem mesmo amor ela exige. Nunca precisou fazer as perguntas que atormentam os casais humanos: será que ele me ama? será que gosta mais de mim do que eu dele? terá gostado de alguém mais do que de mim?
Todas essas perguntas que interrogam o amor, o avaliam, o investigam, o examinam, será que não ameaçam destrui-lo no próprio embrião?
Se somos incapazes de amar, talvez seja porque desejamos ser amados, quer dizer, queremos alguma coisa do outro (o amor), em vez de chegar a ele sem reivindicações, desejando apenas sua simples presença".
- Milan Kundera - A insustentável leveza do ser
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